
O espetáculo Ávida – Alguns Instantes com a Mulher Mais Velha do Mundo fará única apresentação em Rio Claro no dia 02 de maio no Centro Cultural Roberto Palmari.
A peça reflete a busca de uma experiência envolvente pelas lentes da memória e da identidade. A montagem foi apresentada com sucesso no ano passado no circuito cultural paulistano.
O projeto agora foi contemplado pelo edital de Fomento CultSP – PNAB n° 20/2024 – Projetos Culturais de Pessoas 60+ na Indústria Criativa, da Secretaria de Cultura, Economia e Indústrias Criativas, do Governo do Estado de São Paulo com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), e visitará quatro pontos do Estado valorizando a itinerância em diálogo com novas plateias.
Sob direção de Gonzaga Pedrosa e protagonizada por Lucélia Machiavelli, atriz que atuou em Marvada Carne, de André Klotzel, clássico do cinema nacional e na montagem teatral de Macunaíma, de Antunes Filho, a obra conta a história de Ávida, mulher inquieta e atenta à preservação de suas lembranças e de sua identidade.
Baseada em uma dramaturgia inédita de Ed Anderson, a trama se desenvolve entre momentos transcendentais e cotidianos da personagem, abordando temas como feminilidade e finitude.
O Diário conversou com exclusividade com o autor Ed Anderson e com a atriz Lucélia Machiavelli, confira:
Diário: Ed, qual foi a sua inspiração para escrever o espetáculo Ávida?
Ed Anderson: A escrita surgiu de um pedido do amigo e diretor Gonzaga Pedrosa. Mergulhei em fatos e personalidades da história mundial, pessoas comuns da vizinhança e relatos da vida de uma francesa, Jeanne Louise Calment, que viveu intensamente durante 122 anos.
Diário: A peça fala sobre uma mulher de 140 anos, como foi imaginar a vida dessa mulher?
Ed Anderson: Foi uma licença poética libertária onde pude conceber uma mulher intensa, viajada, cercada por amigos, ansiosa por conhecimentos e longe de preconceitos. Talvez estes ingredientes componham a receita do elixir da juventude.
Diário: Qual mensagem você quer passar ao público com a peça?
Ed Anderson : Na verdade, penso numa plateia quese permita ouvir as palavras dessa velha serelepe e ao sair da sala de espetáculo possa refletir um pouquinho sobre os seus feitos nessa existência. O nosso dia seguinte pode ser mais pleno se tivermos consciência que tudo isso aqui é passageiro.
FOTO: Lucélia (Crédito foto: @heloisabortz_)
Diário: Como surgiu o convite para fazer o espetáculo?
Lucélia Machiavelli: O convite para fazer essa peça partiu do Gonzaga Pedrosa que já tinha me dirigido em uma outra peça chamada “Tempo de Viver”. Ele pediu ao Ed Anderson que escrevesseuma peça para mim e como tema mulher mais
velha do mundo, exatamente como a francesa Louise Calment. Quando o texto ficou pronto coincidiu com a pandemia então o texto ficou guardado na gaveta. No final da pandemia eu liguei para o Gonzaga e falei vamos fazer. Começamos com uma leitura para o Sesc Pinheiros e depois fizemos temporada lá em março do ano passado. Depois fizemos no espaço O Andar as Segundas de Solo. No final do ano passado ganhamos o edital, estamos circulando pelo interior e vamos nos apresentar também em São Paulo.
Diário: Na peça, a personagem tem 140 anos e diz ter conhecido diversas personalidades da história. Quem você gostaria de ter encontrado, conversado e por quê?
Lucélia Machiavelli: Eu gostaria de ter encontrado realmente é o Mário Quintana. Gostaria de tê-lo conhecido, eu sou o conheço pelos poemas que eu admiro da sua obra. Quando eu falo dele no espetáculo eu realmente me emociono porque eu me identifico muito com os poemas que ele escreve. Eu sou fã!
Diário: Você vê a chance de fazer essa personagem uma oportunidade, já cada dia mais vemos o mercado se fechando para atores mais velhos?
Lucélia Machiavelli: Eu acho muito importante passar exatamente essa situação etarismo. A situação da velhice como vista, como é julgada. Na peça inclusive eu falo, mas o que que essa coisa de velhice.Será uma maldição, ter muita idade atrai o agouro, é tropeço de competência. Então ela mostra que apesar de ser a mulher mais velha do mundo, ela tem uma capacidade de resistência, tem uma sede de viver, uma vitalidade, força, um exemplo. É o momento de refazer a reflexão sobre a velhice, o papel da velhice dentro da sociedade e como é que a gente está vendo esse momento em que as pessoas estão vivendo mais. É muito comum chegar na fase de 80, 90 agora 90 tantos fazendo coisas. Nós estamos vendo aí aFernanda Montenegro, o Othon Bastos, a Natália Timberg são atrizes e atores cheios de talento eresistência. O nome do espetáculo do Othon Bastos propõe essa resistência, comigo ninguém pode, nós vamos vencer exatamente assim. Eu acho que “Ávida” é essa mulher que mostra que viver é muito bom, viver é preciso e não interessa a idade, a resistência acompanha a força de viver e enfrentar as dores e as alegrias. Eu sou muito grata em poder passar isso para as pessoas que vem assistir à peça.Espero que que renda bastante reflexão e novos pensamentos. Mudança de pensamento em relação à velhice”