
Acelera Tici: Yazeed vence e faz história em sua areia natal
Terminou ontem mais uma (a 47ª) edição do hipnotizante Dakar. Pela primeira vez a vitória ficou com um piloto Saudita Yazeed Al-Rajhi navegado pelo alemão Timo Glock (já vencedor como navegador de Nasser Al-Attyiah em 2011 e já 3º colocado como navegador do nosso Lucas Moraes em 2023)
Lucas Moraes, aliás, que fez mais uma vez bonito vencendo a sua 2ª especial deste ano (e terceira no Dakar). Serve como consolação e esperança depois dos tantos problemas que ele teve este ano.
Tem material de sobra para títulos de colunas

Ao final dos 7.706 quilômetros, dos quais 5.146 foram cronometrados, Yazeed Al Rajhi escreveu um capítulo importante no livro do Dakar. O piloto da equipe Overdrive Racing, habilmente apoiado nas notas por Timo Gottschalk, foi o primeiro saudita a levantar o troféu do Tuareg. Contra todas as probabilidades, o herói local também conseguiu vencer a 47ª edição do Dakar ao derrotar uma competição acirrada com sua Toyota Hilux Evo T1+ gerenciada por uma equipe privada. Uma demonstração de força de Al Rajhi, o primeiro nativo do país onde o Dakar é disputado, que aproveitou ao máximo seu conhecimento do deserto e foi fiel a uma estratégia impecável.
As desistências duplas de Carlos Sainz e Sebastien Loeb, além dos problemas sofridos por Nasser Al-Attiyah contribuíram, claro, mas como o “se” não participa de provas.
Eis que a África do Sul ganha espaço

O duelo maior do Saudita ficou por conta do sulafricano Henk Lategan que ficou longamente no topo da classificação enquanto Al Rajhi preferiu adotar uma tática de esperar para ver. É que no Dakar deste ano várias etapas viram carros e motos percorrerem rotas diferentes, consequentemente a navegação teve um papel crucial, já que seguir os rastros das motos não era mais possível. Al Rajhi, junto com seu navegador Gottschalk, preferiu em várias ocasiões sacrificar a chegada da etapa para ter um caminho já trilhado por seus oponentes no dia seguinte.
Venceram merecidamente a 47ª edição do Dakar com uma vantagem de apenas 3’57” sobre a dupla sul-africana, marcando a segunda menor diferença na história da corrida. E deram à Toyota a sua 4ª vitória depois das três anteriores por obra de Nasser Al-Attiyah.
Os sul-africanos, não só marcaram presença construindo as Tpyota Hilux, colocando entre os dez primeiros dois dos seus Century CR7 (sei apoio de fábrica nenhuma) como vieram com diversos pilotos que vão fazer a diferença nos próximos anos.
Uma estreia de sucesso para a Ford

O duelo pelo terceiro degrau do pódio também foi intenso, com Matthias Ekström e Al-Attiyah lutando até o final. O sueco da Ford venceu por pouco mais de três minutos. Depois de conquistar o DTM e o Campeonato Mundial de Rallycross, Ekström está de olho no Dakar. Primeiro com a Audi e agora com a Ford, o sueco provou ser tão rápido quanto eficaz nas dunas sauditas, conseguindo repelir os ataques do pentacampeão do Dakar, Al-Attiyah. O catariano, que estreava pela Dacia, nunca desistiu. Apesar de ter sido prejudicado, primeiro por uma falha na suspensão do seu Sandrider, depois por um erro de navegação, além de vários furos de pneus, Al-Attiyah sempre manteve o pé no acelerador. Também pesaram na balança os dezessete minutos de penalidades (uma delas de 10 minutos por ter perdido o estepe) acumuladas durante a maratona.
Em quinto lugar na classificação geral, Mitchell Guthrie e Kellon Walch mostraram a confiabilidade do Ford Raptor T1. Estreando nos desertos acidentados da Arábia Saudita, conquistando duas vitórias de etapa com Nani Roma e Mattias Ekström.
Sainz e Loeb: prova dura para os dois ídolos

Os dois estreando carros novos Loeb (Dacia Sandriders) e Sainz (Ford Raptor) foram impedidos de continuar depois de terem capotado os seus carros e terem deformado os seus arcos de proteção (Santo Antonio). A direção da prova, por razões óbvias de segurança, (contestadas por ambos campeões munidas do WRC- Rally de Velocidade) decidiu interromper as corridas dos dois.
Mas os Dacia imediatamente se mostraram à vontade nos desertos sauditas. Isso também foi ressaltado pela vitória de Al-Attiyah na etapa, bem como pelas performances positivas de Cristina Gutierrez, que foi forçada a hastear a bandeira branca muito cedo. Com um programa de três anos de duração, é razoável esperar que a Dacia apareça no próximo Dakar com um Sandriders ainda mais rápido e confiável.
Independentes, cheguei!

Não posso deixar de destacar a magnífica sexta posição geral de Matthieu Serradori que perdeu por pouco o top cinco com o seu Century CR7, mostrando um ritmo constante e uma excelente visão da corrida. E lembrando que os CR7 ficaram também com o 10º lugar final nas mãos do sul-africano Brian Baragwanath.
Outro que merece elogios é o argentino Juan Cruz Yacopini levou a Toyota Hilux Evo T1+ da equipe Overdrive Racing ao sétimo lugar na classificação geral, confirmando assim a eficiência e habilidade da equipe belga na preparação das picapes japonesas.
Com um floreio final, João Ferreira e Felipe Palmeiro deram ao Mini JCW o oitavo lugar na classificação geral o português foi o piloto mais consistente ultrapassando o americano Seth Quintero (Toyota Hilux Oficial) logo no final da etapa de 5ª feira. Em seu segundo Dakar, o americano ficou mesmo foi em 9º.
Brasil, sil, sil

Lucas venceu duas etapas (acumulando pontos preciosos para o Mundial) e terminou em 15º, Marcelo Gastaldi andou namorando as primeiras colocações no seu Century RC7 e terminou em 20º. Marcos Moraes, o pai do Lucas, se sacrificou para servir de apoio veloz ao filho e terminou em 30º na geral.
O nosso navegador Cadu Sachs, ao lado do estreante Gonçalo Guerreiro conseguiu o 2º lugar na geral, atrás apenas dos argentinos Nicolas Cavigliasso e Valentina Pertegarini que lideraram o Dakar desde o 1º dia e se tornaram na 1ª dupla de marido e mulher a vencer na prova. Um enorme obrigado aos nossos representantes, no ano que vem com certeza teremos mais.
Entre os SSV vitória de um Polaris como em 2024
Coube ao estreante americano Brock Heger dar a um Polaris RZR PRO R SPORT manter o troféu, seguido de dois Can-Am
Deu Austrália e KTM nas motos

O Australiano Daniel Sanders dominou e venceu o seu 1º Dakar. Completando o pódio com suas Honda, o espanhol Tosha Schareina e o francês Adien Van Beveren repetindo a sua 3ª colocação de 2024
Vejam a classificação final entre os carros com menos de 4 minutos separando os dois primeiros depois de praticamente 53 horas de disputa. Espetacular.
1 – Al Rajhi-Gottschalk (Toyota Hilux) – Overdrive – 52h52’15”
2 – Lategan-Cummings (Toyota Hilux) – Toyota SA – 3’57”
3 – Ekström-Bergkvist (Ford Raptor) – Ford – 20’21”
4 – Al-Attiyah- Boulanger (Dacia Sandrider) – Dacia – 23’58”
5 – Guthrie-Walch (Ford Raptor) – Ford – 1h02’10”
6 – Serradori-Minaudier (Century CR7) – Century – 1h12’04”
7 – Yacopini-Oliveras (Toyota Hilux) – Overdrive – 1h57’47”
8 – Ferreira-Palmeiro (Mini JCW) – X-Raid – 2h15’57”
9 – Quintero-Zenz (Toyota Hilux) – Toyota – 2h20’04”
10 – Baragwanath-Cremer (Century CR7) – Century – 2h59’26”
Enquanto isso nas pistas
Os pré-testes das 24 Horas de Daytona começaram com o chamado Roar Before the 24!
Na primeira das duas sessões de treino de 6a feira (ontem) o batalhão de Felipes com a ajuda do Daniel e do Pietro ficou assim:
Na GTP
7º Felipe Nasr Porsche #7
8º Felipe Drugovich Cadillac #31
Na LMP2 (olha a coincidência)
7º Pietro Fittipaldi
8º Massa e Fraga
Na GTD
6° Daniel Serra Ferrari #34
13° Pipo Derani Corvette #36
Na semana que vem voltamos com a F1 e os Protótipos. Até lá!
Por Ticiano Figueiredo / Fotos: Divulgação