Nos últimos dias, ir ao supermercado para a compra de carnes mudou o comportamento dos consumidores. “Os clientes não deixaram de comprar, porém, diminuíram a quantidade”, disse o encarregado de açougue, Carlos Celso Delgado Junior.
E teve aqueles que já fizeram as substituições na alimentação. “Diminuímos a compra em casa, sim, e também compramos mais frango e salsicha”, comentou o vigilante Ivan Carlos Vicente, que também vai fazer alterações nos pratos para as festas de fim de ano. “Vamos optar pelo frango assado, maionese e macarronada. Churrasco não vai dar para fazer, não”, disse. Para a virada do ano, a família vai se reunir e cada um contribuirá com um prato doce ou salgado.
Em enquete realizada pelo Diário do Rio Claro, 69% dos participantes disseram que sim, vão fazer substituições de carnes durante as festas.
O encarregado de açougue, Carlos Celso Delgado Junior, confirma que o cliente tem recorrido a outras opções. “Ao invés de leitoa (R$ 34,90 o quilo), estão optando por pedaços de pernil (R$ 13,90 o quilo). O Chester (R$ 16,00 o quilo) deu espaço para o frango (R$ 6,50 o quilo)”, comentou.
A boa notícia é que o preço da carne deve se estabilizar para o consumidor a partir de fevereiro. É o que aponta o Instituto de Pesquisa Econômica (IPEA). Segundo o órgão, o preço não deve cair, mas também não sobe.
Apesar da previsão em um dos estabelecimentos consultados pelo Diário do Rio Claro, o valor da carne já teve queda. “A alta foi de 40%, mas já tem diminuído o preço entre 15 a 20%”, observou o encarregado de açougue do Pantoja, Carlos Celso Delgado Junior. Um dos motivos apontados é que já começa a sobrar carne nos frigoríficos.
A disparada nos preços da carne bovina ocorreu em outubro. Vendas para China foram apontadas por especialistas como a principal causa. O Brasil é considerado o principal exportador mundial e o segundo maior produtor de carne bovina.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as exportações brasileiras de carnes bovinas devem fechar o ano de 2019 com 1,83 milhão de toneladas embarcadas e receita de US$ 7,5 bilhões.
À Agência Brasil, o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, disse que a China é uma operação extremamente rentável. “Com relação à China, nós sempre temos um contrato pronto, um em produção, um contêiner embarcando e um já na água. Então, isso se reveste de um ciclo comercial bastante interessante pelo volume e demanda. A China hoje é um grande parceiro brasileiro. Hoje, temos 37 plantas habilitadas para exportar para a China”, disse.
Para o ano de 2020, as estimativas são de que o ritmo de crescimento se mantenha, puxado pela possível habilitação de novas plantas para a China e abertura de novos mercados. A expectativa é a de que haja crescimento de 13%, alcançando 2,067 milhões de toneladas. O faturamento deve ter um crescimento de 15%, com receita de US$ 8,5 bilhões.
Procura por carne de pato aumenta 50%
Um dos protagonistas da ceia de Natal sempre foi o peru, que faz companhia ou é substituído pelo frango, bacalhau, chester, pernil ou leitão. No entanto, neste ano, os consumidores se mostraram interessados em experimentar novos sabores e é provável que o personagem central do jantar ou almoço natalino seja outra ave: o pato.
“Em São Paulo, aumentou em 50% a procura por carne de pato, rica em ferro e selênio, com sabor parecido com a do frango”, explica João Germano, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Aves Raras.
De acordo com o gestor, outras carnes bastante procuradas em 2019 e que devem estar em alta em 2020 são as de faisão, coelho e carneiro. “Acredito que o aumento da procura está relacionado à entrada de estrangeiros no País e ao interesse das pessoas por sabores diferenciados e exóticos”, completa Germano, que revela que já constatou um aumento de 30% pela procura da carne de faisão e 10% pela de coelho.
Foto: Diário do Rio Claro