O Dia do Professor é comemorado em 15 de outubro, e o tema foi discutido no programa Diário MA TV desta terça-feira (15). Maria Angela Tavares de Lima conversou com os professores Moacir Rossini e Sebastião Mário dos Santos, diretor e 1º secretário do Centro do Professorado Paulista (CPP), regional de Rio Claro.
Os docentes destacaram os avanços e desafios da profissão que já foi cheio de prestígio e hoje enfrenta os efeitos da desvalorização. “Com os meios tecnológicos, o professor parece ter perdido valor perante a criança que passa muito tempo na frente do celular e da televisão, e isso influencia no trabalho do professor e no interesse do aluno”, avalia Rossini.
No entanto, ele reconhece que a informática é uma questão irreversível, mas reforça a necessidade de cuidado para não exagerar. Outro ponto abordado por ele é o desinteresse dos jovens pela carreira, o que causa déficit de profissionais nas escolas.
O professor Sebastião destacou como avanço da profissão a criação do piso nacional dos professores da educação básica, que em 2024 é de R$ 4.580,57 para 40 horas semanais de trabalho. “O magistério, ao longo de sua história, teve altos e baixos. O piso nacional foi um avanço porque estabeleceu uma equidade”, observou. Isso porque, antes do piso, havia municípios onde os professores ganhavam menos que um salário mínimo.
O problema, segundo ele, é a forma como a lei do piso vem sendo cumprida. No estado de São Paulo, por exemplo, o governo paga abono salarial para completar o valor dos professores que ganham abaixo do piso. Esse método de pagamento é alvo de questionamentos judiciais, inclusive com ações individuais e coletivas movidas pelo CPP. “Estamos propondo que o piso seja cumprido conforme a decisão do Supremo”, explica Santos.
Em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou a constitucionalidade da lei que estabelece o piso salarial dos professores da educação básica, em decisão unânime. Portanto, na visão das entidades sindicais que representam a categoria não há mais justificativa para que estados e municípios se recusem a pagar o valor do piso.
Os professores também abordaram questões relativas à saúde dos docentes. Para Santos, diversas situações influenciam na saúde mental dos profissionais, como problemas do dia a dia na escola, situação financeira, condições de trabalho, a superlotação das salas de aulas etc.
“A escola é obrigada a receber todos os alunos nas diferentes condições de cada um. Isso dificulta o processo de ensino e aprendizagem, já que o professor não foi preparado para lidar com esse aluno. Existe sim a necessidade de inclusão, mas o professor precisa ser preparado para isso”, comenta.
Ele considera ainda que a formação atual do professor é deficitária porque oferece teoria sem a prática. Tanto que o Ministério da Educação (MEC) está regulamentando os cursos de licenciatura à distância (EAD) exigindo que eles devem ter mínimo de 50% da carga horária presencial. A decisão foi homologada em maio de 2024, no Diário Oficial da União, e as instituições têm dois anos para se adaptarem.
Os professores também falaram um pouco sobre o CPP, entidade que há 94 anos atua na defesa dos profissionais da educação. O CPP oferece serviços jurídico, de saúde, de lazer (colônias de férias), e muitas outras atividades. Para desfrutar dos benefícios, basta o professor se associar. O CPP Rio Claro fica na Rua 16-Be, 441, Bairro do Estádio, telefone (19) 3523-6256.
A entrevista dos professores Moacir Rossini e Sebastião Mário dos Santos, na íntegra, pode ser conferida pelo link https://www.youtube.com/watch?v=NAHj7JFjteI.
Por Ednéia Silva / Foto: Diário do Rio Claro