Para o bem ou para o mal, o Dinizismo é o assunto do momento no meio do futebol. Comentaristas, técnicos e ex-jogadores usam seus espaços na mídia e nas redes sociais para darem o veredicto sobre o instigante, polêmico e, por vezes, suicida estilo de jogo do técnico do Fluminense, Fernando Diniz, que dá origem ao termo em voga, o “Dinizismo”.
Tivesse, porém, vencido o mundial de clubes, algo pouco provável, em se tratando do adversário que enfrentou na final, e hoje, o “Dinizismo” teria extrapolado a dimensão continental do Brasil e ganhado o mundo, com o provável rótulo de “o renascimento do genuíno futebol brasileiro”.
Só que não. Porque, vejam: tocar a bola dentro da própria área defensiva, nunca foi estilo ou característica do futebol brasileiro. Mas, jogar no “dois toques” da intermediária defensiva para a intermediária ofensiva, ah, isto sim!
Pra citar dois exemplos mais próximos do nosso tempo: O Flamengo de Zico, do início dos anos 1980 e o Palmeiras, de um pouco antes, 1979, um time extremamente objetivo e ofensivo que encantava a todos. Tanto é verdade que, seu treinador, à época, Telê Santana, fora chamado a dirigir a seleção brasileira, que, por sua vez, encantaria o mundo, na Copa de 82 e, aquele time, é lembrado até nossos dias, assim como a seleção tri-mundial de 70. E isto, porque são os retratos mais fiéis do verdadeiro futebol brasileiro.
Em termos de clubes, basta citar o Santos de Pelé e Coutinho, o Botafogo de Didi e Garrincha, ambos, nos anos 1960, aos quais e, na mesma prateleira, pode se juntar o Palmeiras do mesmo período, imortalizado como a primeira Academia.
Esses times aqui citados jogavam, aí sim, o genuíno futebol brasileiro, de toque de bola, em progressão ao gol adversário, deslocamentos constantes para criar espaços, apoio dos laterais, tabelas entre meias e atacantes, triangulações entre volantes, laterais e meias, jogadas de aproximação, que originaram termos muito comuns entre os boleiros como “domina e toca”, “quem pede recebe, quem desloca tem preferência” e por aí vai.
Esse estilo de jogo todo nosso, perdeu espaço gradativamente no Brasil, porque decaiu tremendamente o nível técnico do jogador brasileiro, depois da conquista do pentacampeonato mundial em 2002.
Moçada, hoje, com todo respeito, parece não ter intimidade com a bola, briga com a bola, porque não tem recursos técnicos, ou seja, habilidade. Tem alguma técnica, é verdade, porque acaso não tivesse e não seria profissional, mas, essa alguma técnica, é decorrente do condicionamento que o treinamento proporciona.
Mas, essa geração atual de jogadores profissionais, não tem habilidade natural que permitam a audácia e o improviso com a bola nos pés. Logo, o jeito brasileiro de jogar futebol foi parar na gaveta do esquecimento onde permanece bem guardado a sete chaves.
É louvável, digamos assim, a ousadia de Fernando Diniz, porque faz o nosso futebol sair da mesmice em que se encontra. Mas, não é a solução para que o decadente futebol brasileiro volte a ser bonito e vencedor.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: André Durão