O projeto Sou Livre começou em 2007 atendendo jovens e adolescentes em situação de risco e com envolvimento com drogas. O interesse em fazer algo a mais pelas pessoas tocou o coração do fundador Danilo Oliveira e, de lá para cá, não parou mais. “Deus colocou em meu coração o desejo de fazer algo a mais do que somente frequentar a igreja, afinal, nós somos a igreja.
Então saímos das quatro paredes e começamos um trabalho com jovens, vários com problemas familiares, com drogas, prostituição. Em pouco tempo, nosso trabalho foi crescendo e decidimos ir para as ruas, promovendo encontros na praça central em Limeira, com a presença de pessoas da igreja, mas por ser um lugar aberto, a frequência de moradores de rua, dependentes químicos e pessoas sem igreja era muito grande e esse era nosso objetivo: almas.
Deus foi nos dando direção e começamos a trabalhar em clínicas de recuperação, um trabalho lindo onde pudemos ver Deus transformando vidas. Moradores de rua voltando à sociedade e para as famílias depois de anos”, contou o fundador.
O objetivo é direcionar as pessoas. “É um trabalho árduo, mas com resultados positivos. A ideia não é só levar a palavra de Deus e sim colocar a mão no ombro da pessoas e direcionar para uma mudança de vida, a gente não envolve igreja”, disse.
Hoje, a Ong conta apenas com o trabalho de Danilo, da esposa, Renata, e da filha, Nicolle, de apenas seis anos. Em algumas situações aparecem voluntários. Os trabalhos vão desde orientação à entrega de cestas básicas, doações em geral, festas em datas comemorativas para as crianças e com visão de prevenção.
Entre os trabalhos para ajudar na mudança de vida das pessoas está até a construção de uma casa para uma família que morava em um barraco com cinco crianças. “Eu e minha esposa ficamos impactados com a situação e Deus colocou este desafio para nós.
Com doações, conseguimos construir uma casa em sete meses para a família. Nunca me esqueço de quando estávamos no alicerce e uma das crianças entrou no terreno e disse: mãe, o que é isso que eles estão fazendo? A mãe disse: é nossa casa, filho. O menino, com os olhos cheios de lágrimas, disse: mãe, eu vou ter um quarto de tijolos?
Mas sempre deixamos claro que os tijolos acabam, e que eles, com a nova casa, poderiam dar outros rumos para as vidas. Hoje estão felizes. Através de ações simples, com gestos de amor, queremos mostrar que as pessoas são importantes e que podem, sim, mudar a realidade que vivem”, analisou.
Em Rio Claro, os trabalhos são específicos para famílias e crianças que moram em barracos no Bom Retiro, Paineiras e Bonsucesso, na Associação de Catadores de Reciclados, onde tem famílias de haitianos, em casas de recuperação e temos trabalho em um Orfanato em Ouro Fino – MG. “A Ong não tem vínculos com igrejas e políticos. Hoje, além dos trabalhos que realizamos, atendemos uma média de dez famílias com cestas básicas, algumas com leite e fralda”, disse.
Danilo acrescenta que na Associação realizam ainda aconselhamento, palestras, distribuição de roupas, cestas básicas e material escolar. Além de buscar melhorias para o local de trabalho e para os associados, realizam festas para as crianças do Terra nova, Bom Sucesso, Paineiras e para funcionários da associação.
MISSÃO NA ÁFRICA
Com a expansão do projeto, Danilo foi para o Continente Africano desenvolver um trabalho com crianças órfãs de guerra. “Minha missão na África era trabalhar a questão de sonhos nas crianças. Porque 35 anos de guerra resultaram em uma geração destruída. Pessoas que em 2010 comiam rato e cascas de árvore é muito cruel.
Aprendi a dar mais valor às coisas simples, pois na aldeia eles só comiam ratos antes da nossa chegada, sem água, energia, comida, muitos morrendo de malária e outras doenças. Só agradeciam a Deus, eu mesmo pegando malária várias vezes, febre tifóide, longe do conforto, comendo rato, sinto muita saudade e creio que no tempo de Deus estarei de volta”, relatou Danilo, que a partir da experiência mudou ainda mais a concepção sobre a vontade de ajudar ao próximo.
PARCERIAS
O projeto atua sem envolvimento de igrejas ou autoridades. Realiza ações e busca parceiros para aquisição de um veículo, que deve facilitar o desenvolvimento dos trabalhos, principalmente em bairros distantes. “A Kombi será para realizar os trabalhos sociais, para percorrer os locais, pois não temos espaço físico.
O veículo também será importante para levarmos as crianças para um passeio, buscar móveis e roupas que são doados. Para 2020, a ideia é ter um local para oferecer outras atividades, como cursos”, ressaltou.
“O período no Continente Africano mudou minha vida, me transformou. Eu era uma pessoa que valorizava muito as coisas materiais e o tempo que vivi lá entre 2010 e 2012 me ensinou muita coisa. Fiquei, uma vez, mais de 40 dias sem tomar banho lá porque não tinha água. E me lembro que o dia que abri o chuveiro, comecei a chorar e pensei como somos ingratos. Desde então, nunca deixei de acreditar nas pessoas, que podem se tornar pessoas melhores.”