Em nota, governo disse que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”
Redação DRC
O anúncio de tarifas da ordem de 50% para importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos (EUA), feito na quarta-feira (9) pelo presidente Donald Trump, repercutiu entre entidades empresariais brasileiras que, em linhas gerais, pedem mais diplomacia e menos ideologia.
O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) considerou a decisão do presidente Trump o resultado de um “embate” entre Trump e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que ultrapassa os limites da diplomacia ao utilizar a questão tarifária como instrumento de disputa pessoal e ideológica.

President Donald Trump delivers his Joint address to Congress, Tuesday, March 4, 2025, in the House Chamber of the U.S. Capitol in Washington, D.C. (Official White House Photo by Daniel Torok)
“Tal postura equivocada tem causado prejuízos concretos e imediatos às nossas relações comerciais, afetando diretamente as forças produtivas, os trabalhadores e toda a sociedade”, disse o Ciesp por meio de nota.
De acordo com a entidade, a afirmação de Trump de que os Estados Unidos estão em desvantagem com relação à balança comercial entre dois países não corresponde à realidade. “Faltam argumentos concretos em favor dos EUA para uma tarifa de 50% nas importações do Brasil. Não procede a justificativa do presidente estadunidense sobre a balança de pagamentos entre os dois países lhes ser desfavorável, já que apenas na última década o superávit a favor deles foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. E se incluído o comércio de serviços, o superávit dos EUA chega aos US$ 256,9 bilhões”, destaca o Ciesp.
A entidade observou ainda que a soberania do Brasil, assim como de qualquer nação, deve ser respeitada e que as questões pessoais não devem prevalecer. “Questões pessoais e ideológicas de governantes não podem prevalecer em relações internacionais entre nações, pois os danos causados são severos e de difícil reparação, colocando em risco o desenvolvimento e o bem-estar de nossos povos. O diálogo diplomático deve ser respeitado; e com fatos não falsas versões deles”.
Fiesp pede bom senso
Assim como o Ciesp, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) também criticou a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras anunciada pelo presidente norte-americano. Em nota, a entidade defendeu que o “bom senso” volte a nortear a relação entre Brasil e Estados Unidos.
“Quando razões não econômicas são usadas para justificar a quebra de todo o regramento comercial e do direito internacional, é importante reafirmar os princípios instituídos pelos Fouding fathers da América”, afirma nota da instituição assinada pelo presidente Josué Gomes da Silva.
A Fiesp admite que o tarifaço causará impacto negativo para a indústria brasileira, mas ressalta que “a soberania nacional é inegociável”. A entidade defende que “a diplomacia e as negociações equilibradas prevaleçam a despeito de ideologias e preferências pessoais e que o bom senso volte a nortear as relações entre as duas nações”.
Posição do Planalto
Após o anúncio de Donald Trump, o governo brasileiro divulgou nota assinada pelo presidente Lula. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, diz o mandatário.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ameaça usar a lei de reciprocidade
Foto: Agência Brasil
A nota nega prejuízo norte-americano na relação comercial entre Brasil e EUA. “É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”.
Por fim, a nota conclui dizendo que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”.