Você sabe fazer um bom pão? Se já fez pão algum dia, sabe que para o pão crescer bonito e saboroso tem que colocar a medida correta dos ingredientes, em especial do fermento. Se colocar pouco fermento, a massa não cresce. Se colocar demais, estraga a textura e o pão fica amargo, pois os microorganismos se multiplicam na massa.
Outro ponto importante é que o fermento deve ser colocado em água morna: temperatura muito alta mata os fungos que ativam o crescimento do pão. Temperaturas baixas ou geladas inibem seu crescimento. O ponto ideal é de 40 a 42 graus.
O Brasil é um pão em crescimento. Quem colocou o fermento foi o senador alagoano Teotônio Vilela, dando origem a manifestações por todo Brasil.
Mas quem colocou a água quente foi o rio-clarense Ulysses Guimarães, o senhor “Diretas”. Deputado federal por 11 mandatos seguidos, foi considerado fiador do processo de redemocratização do Brasil, que culminou com a Constituição de 88.
É bom lembrar que o movimento “Diretas Já” agregou diversos setores da sociedade brasileira, incluindo inúmeros partidos políticos de oposição ao regime ditatorial, além de lideranças sindicais, civis, artísticas, estudantis e jornalísticas.
Segundo a Enciclopédia Livre Wikipédia, dentre os políticos que participaram do movimento estavam Tancredo Neves, Leonel Brizola, Miguel Arraes, José Richa, Ulysses Guimarães, André Franco Montoro, Dante de Oliveira, Mário Covas, Gérson Camata, Orestes Quércia, Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo Suplicy, Roberto Freire, Luís Carlos Prestes, Fernando Henrique Cardoso, Jorge da Cunha Lima, Marcos Freire, Fernando Lyra, Jarbas Vasconcelos e Moreira Franco.
Saudado como candidato da conciliação, Tancredo Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, numa terça-feira, 15 de janeiro de 1985 – a última eleição presidencial ocorrida de forma indireta, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções.
Mas Tancredo Neves adoeceu e não tomou posse, vindo a falecer em poucos dias. Seu vice-presidente José Sarney foi empossado Presidente da República em 15 de março de 1985. Dentre as mudanças efetuadas para o prometido processo de redemocratização vieram as eleições diretas para presidente, prefeito e governador; a conquista do voto para os analfabetos; a legalização dos partidos comunistas e a aprovação DA Constituição Federal de 1988.
Mas as coisas começaram a degringolar. A água estava fria ou o fermento foi demais. O pão dos brasileiros ficou amargo com as acusações de corrupção em todo governo. O próprio presidente José Sarney foi denunciado, mas as acusações não foram levadas a sério pelo Congresso Nacional. Aliada à crise econômica, a crise política eclodiu.
Desde então, tivemos como presidentes Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e agora Jair Bolsonaro. De Collor a Michel Temer, corrupção, impeachment, desvalorização da moeda, descrédito do Brasil lá fora, e sofrimento para os brasileiros. Água fria e pouco fermento embatumaram o pão.
Com a eleição de Jair Bolsonaro, o fermento da massa Brasil foi ativado pela esperança. A água está a 42 graus, o ideal para termos um bom pão. Se passar dessa temperatura, corremos o risco de desativar seu crescimento. É hora de colocar o pão para assar. Dia 26, todos na rua. O povo tem fome…